Caria é uma povoação muito antiga, tendo-lhe sido atribuído foral por D. Manuel I em 15 de Dezembro de 1512, sendo portanto nesse tempo um Concelho autónomo.
Em 1644, o concelho de Caria era dependente do Concelho da Covilhã apenas no crime.
Com reforma administrativa em 1855, o concelho de Caria foi extinto passando a fazer parte do Concelho de Belmonte.
Com a extinção do Concelho de Belmonte, em 7 de Setembro de 1895, Caria foi anexada ao da Covilhã, voltando a pertencer ao de Belmonte, quando este foi restaurado definitivamente em 13 de Janeiro de 1898.
O povoamento no território desta freguesia deve ascender a épocas pré-romanas, isto de acordo com a opinião do general João de Almeida, que há quase sem anos dizia “No cimo do monte de Caria encontram-se ainda vestígios de uma antiga fortaleza, que, pela situação e natureza, deve ter consistido num castro lusitano. Esta fortaleza foi, certamente, abandonada pelos lusitanos após a ocupação dos romanos, quando forçados a virem habitar no castelo por estes edificados na povoação de Caria, que servia de guarda à estrada militar que, vinda de Idanha-a-Velha seguia por Belmonte para a Guarda”.
Caria foi elevada a vila a 19 de Dezembro de 1924.
Situa-se a poucos quilómetros da Serra da Estrela que não necessita de qualquer apresentação em Portugal com a sua altitude máxima de 1993 metros e a única pista de neve que os portugueses podem usar no país. Conhecida também pela beleza das suas paisagens, as suas lãs, os seus queijos etc.
As mais recentes ligações rodoviárias que encurtam a distância a que se encontra a Beira Interior em relação aos centros económicos mais importantes do país, as novas universidades, em Castelo Branco e na Covilhã contribuíram para uma maior mobilidade na zona e aumento do nível cultural e científico, ao mesmo tempo que se mantêm as tradições e festas tradicionais de cada povoação.
Caria situa-se na chamada Beira Interior, denominação que define melhor a região antes incluída nas anteriores designações de Beira Baixa, Beira Alta ou Beira Douro, Beira Tejo, Beira Central, Beira Transmontana etc. A unidade desta região tem expressão geográfica, na “beira” oriental da Serra da Estrela, prolongamento da Cordilheira central Ibérica e no espaço delimitado por ela e a fronteira espanhola.
A sua situação perigosa, entrada continental de emigrações sucessivas de povos que entre o ingresso dos romanos e a formação da nacionalidade, dizimaram as populações primitivas.
O perigo espanhol com repetidas invasões fez-se sentir durante séculos e mais tarde a entrada de tropas napoleónicas foi igualmente efectuada por aí, com resultados devastadores.
Observa-se o despovoamento tradicional já combatido por D.Sancho I, com gentes do Minho, preenchendo o vazio deixado pelos mouros vencidos, a fuga repetida às ordes inimigas e mais recentemente a emigração massiva dos anos 60 do séc. XX.
Muitas das fortalezas da Beira interior remontam ao tempo de D. Sancho I, sendo restauradas pelo seu descendente D. Dinis. A profusão de castelos medievais nas vilas e aldeias históricas da região é evocação histórica de dramas passados e das lutas pela criação e protecção da nacionalidade.
O afastamento do centro político-religioso levou alguns grupos religiosos, como o dos judeus a refugiarem-se longe do braço perseguidor da Inquisição que reinou impunemente durante séculos nos dois países ibéricos.
Em Portugal a Inquisição só foi oficialmente extinta em 1821. O facto da severidade inquisitorial nos dois países ter tido os seus momentos de virulência ou de relaxamento segundo as circunstâncias, levou muitas famílias de judeus, cristãos novos ou cripto-judeus dos dois países, a escolherem a zona fronteiriça que servia de caminho de fuga para o país no momento mais tolerante.
Não podemos também esquecer, por exemplo, que uma grande parte da comunidade dos judeus portugueses era a dado momento constituída por judeus fugidos de Espanha no reinado dos reis católicos. Daí a quantidade de judiarias e sinagogas nas povoações