Igreja matriz, de Nossa Senhora da Conceição, edifício reconstruído em 1701 em estilo Barroco, onde é de salientar o altar, ricamente ornamentado em talha dourada.
A instituição da paróquia de Santa Maria de Caria foi, como a povoação, obra do bispo D. Rodrigo, erigindo a igreja que, por esse motivo, ficou a ser padroado episcopal até ao século XIX.
Capela de Stº. António trata-se de uma igreja maneirista datada do séc. XVII. Esta possui um púlpito e um pequeno alpendre bastante bonitos.
A Casa da Torre é talvez o edifício mais antigo de Caria, datando de 1322 a sua construção, conforme inscrição existente no lintel da porta principal. Foi mandada construir por D. Martinho II, bispo da Guarda e senhor de Caria. Em 1327, o bispo D. Guterre fixou aí residência e elegeu-a como casa de campo dos bispos da Guarda.
O conjunto arquitectónico da Casa da Torre encontra-se em vias de classificação como imóvel de Interesse Público (Processo 89/3).
O corpo central da casa é constituído por uma torre de origem medieval (séc. XIV), sendo também visíveis vestígios de uma fortaleza.
Este edifício foi comprado pela Câmara Municipal de Belmonte e aí será instalado um centro de estudo e interpretação do património arqueológico do concelho, as obras deverão estar concluídas em 2009. No ano de 2006 foram dados a conhecer os resultados das escavações arqueológicas previamente efectuadas no local, tendo sido identificados materiais e estruturas de uma época anterior e da mesma época que a torre medieval.
A Casa da Roda, em Caria, fica situada num local discreto, junto à Rua do Reduto, foi recuperada e musealizada em 2009 e ali se pode reviver o passado e reflectir sobre o presente. Foi edificada em 1784, data que está gravada na pedra por cima da roda, para dar cumprimento a uma Lei de Pina Manique (reinado de D. Maria I), de 30 de Maio de 1783, que exigia a criação de Casas da Roda em todas as vilas e sedes de concelho. O estado terá tomado esta medida porque o aumento da população era bem visto, para combater o infanticídio, uma prática que era então frequente, e também para reduzir a falta de assistência aos abandonados.
Eram casas destinadas a acolher órfãos, crianças recém-nascidas “não desejadas” ou bastardas, cujos pais não pudessem assumir os seus cuidados. As rodas eram uma instituição municipal já que todo o país estava “controlado” por municípios e eram os municípios que sustentavam as Casas da Roda. As Rodas tinham aberturas para o exterior para que o exposto pudesse respirar. Por vezes a Roda tinha duas “prateleiras”, na parte inferior era depositada a criança e na parte superior o enxoval da criança, quando este existia ou outros objectos, nomeadamente cartas, lenços, medalhas para permitir a sua posterior identificação e recuperação, embora se saiba que isso raramente acontecia. A assistência consistia na recolha e criação do exposto, até aos seus 7 anos, e numa segunda fase na sua integração social pelo trabalho dos 8 anos até à maturidade.
O anonimato era muito importante e cultivado até à exaustão e por isso existia uma sineta que alertava a Rodeira, que estaria presente dia e noite, e que girava a Roda recolhendo a criança. Era depois efectuada, pelo escrivão da câmara, uma matrícula muito pormenorizada, que era inscrita no chamado Livro dos Expostos, guardava-se e registava-se tudo o que as crianças traziam quando eram deixadas na Roda.
Na Casa da Roda ou nas suas casas próprias viviam as amas de leite, que amamentavam as crianças. Mais tarde as crianças ficavam à guarda das chamadas amas-secas para quem trabalhavam ou eram entregues como criados a quem pagasse mais. A partir dos finais dos anos 50, do século XIX, a contestação às Rodas levou à sua extinção.
A Casa Etnográfica de Caria tem como principal objectivo difundir e preservar memórias, com a exposição de vários objectos do passado (como era a cozinha, a sala, os quartos do antigamente?), que de alguma forma marcaram a vida de todos nós.
Pretende-se também conhecer a história de algumas antigas profissões, a riqueza da sua existência e produção, os seus afazeres e o seu valor social e antropológico. Nesta exposição permanente mostram-se ao pormenor as peças e utensílios utilizados pelos carpinteiros, barbeiros e sapateiros nos primórdios do século XX